Em nome de Minas

Olavo Machado Junior  – Presidente do Sistema Fiemg

Ao longo dos últimos anos, Minas Gerais e os mineiros vêm sendo vítimas do descaso do governo federal no que se refere à realização de investimentos em obras fundamentais para a população. Foi assim nos governos Lula e Dilma, e tem sido assim também no governo do presidente Michel Temer. Também na política o cenário se repete – enquanto alguns estados têm até quatro ministros no primeiro escalão da República, não temos nenhum.

Os exemplos são muitos e emblemáticos, reafirmando a má vontade federal com Minas Gerais quanto à viabilização de obras que são estratégicas também para o país. A duplicação da BR-381 continua praticamente paralisada, fazendo jus ao título de “rodovia da morte”. O metrô de Belo Horizonte continua completamente esquecido e não avançou um metro sequer nos últimos anos. Um terceiro exemplo, igualmente relevante, é a duplicação e revitalização do anel rodoviário da capital, por ser uma via que também continua matando. Nos três casos, os recursos são sempre insuficientes e muitas vezes inexistentes. É a omissão que penaliza Minas Gerais e o Brasil, na exata medida em que BH, ao conectar as diversas regiões brasileiras, é o centro de um dos principais entroncamentos da logística de transporte do país.

A paciência acabou e os mineiros estão se unindo para virar esse jogo. Na última segunda-feira, com muito entusiasmo, realizamos, na Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), um encontro que reuniu parcela expressiva da bancada de parlamentares mineiros da Câmara dos Deputados, presidentes de sindicatos representativos da indústria mineira e membros do nosso Conselho Estratégico. Suprapartidário, o movimento que estamos iniciando contou, nesse primeiro encontro, com parlamentares dos mais variados partidos: Fábio Ramalho, vice-presidente da Câmara dos Deputados (PMDB), Bilac Pinto (PR), Domingos Sávio (PSDB), Newton Cardoso Filho (PMDB), Gabriel Guimarães (PT), Carlos Melles (DEM), Marcelo Aro (PHS), Marcelo Álvaro Antônio (PR), Paulo Abi-Ackel (PSDB), Toninho Pinheiro (PP) e Rodrigo de Castro (PSDB).

Do Conselho Estratégico da Federação das Indústrias, participaram Rubens Menin (Grupo MRV), Sérgio Cavalieri (Grupo Asamar), Camilo Farace (Anglogold Ashanti Brasil), Jefferson de Paula (ArcelorMittal), Roberto Lúcio (Samarco) e Tito Martins (Votorantim Metais). Participaram ainda presidentes de sindicatos filiados à FIEMG: André de Sousa Lima Campos, do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais; Mário Ferreira Campos Filho, dos Sindicatos da Fabricação do Álcool e da Indústria do Açúcar no Estado de Minas Gerais; Emir Cadar Filho, do Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais – além do nosso vice-presidente licenciado Alberto Salum.

O que Minas e os mineiros querem e exigem é, simplesmente, o que lhes é de direito. Esse é o objetivo desse movimento que une as lideranças políticas de Minas, o empresariado e toda a sociedade por meio de entidades representativas. Essa é a reivindicação de um estado que tem a segunda maior população do país, o segundo maior colégio eleitoral e a segunda maior bancada de parlamentares no Congresso Nacional – Câmara dos Deputados e Senado. Devemos e precisamos estar juntos, uma vez que há muito a ser feito.

Além dos exemplos já citados da BR-381, anel rodoviário e metrô, é incompreensível a recusa do governo federal em fazer o “encontro de contas”, incluindo os créditos a que Minas Gerais tem direito em razão da Lei Kandir. Hoje, considerando todos os compromissos com o governo federal, a dívida de Minas totaliza R$ 88 bilhões. Por outro lado, o estado tem a receber R$ 135 bilhões referentes às compensações estabelecidas pela referida Lei, em razão de isenções tributárias relacionadas à exportação de produtos mineiros – commodities e semielaborados. Minas tem a receber, portanto, R$ 47 bilhões, que são fundamentais para o equilíbrio das finanças públicas estaduais e que podem viabilizar investimentos em áreas essenciais, como educação, saúde e segurança pública.

Minas Gerais jamais foi egoísta em relação ao Brasil – e não o será agora. Nosso movimento suprapartidário também visa assegurar apoio em decisões cruciais que estão em pauta neste momento e que são absolutamente essenciais para que o país retome os caminhos do desenvolvimento sustentável, com crescimento econômico e avanço social. É preciso aprovar as reformas estruturais em tramitação no Congresso Nacional, em especial à reforma das relações trabalhistas e à reforma da previdência social. Ambas são fundamentais para nosso futuro na medida em que modernizam a nossa economia e asseguram competitividade às empresas brasileiras. E isso, sabemos todos, é fundamental em um mundo que atravessa uma de suas mais graves crises, com crescente globalização e acirramento da concorrência entre países e empresas.

Em essência, o movimento que estamos abraçando com energia e obstinação pretende defender os legítimos interesses de Minas Gerais e dos mineiros, sempre de forma articulada com o que mais convém ao Brasil e aos brasileiros.

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