Especialistas e autoridades ligadas ao meio ambiente participaram do webinário “Diálogos para a Sustentabilidade na Gestão Local”, que compõe a programação da Semana do Meio Ambiente promovida pela Prefeitura de Contagem, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Semad).
A titular da Semad, Maria Thereza Camisão, fez a abertura do evento e ressaltou a iniciativa da pasta de lançamento de um questionário, já disponível (clique AQUI), que pretende saber qual a relação dos cidadãos de Contagem com o meio ambiente. Esse questionário vai auxiliar na construção do Plano Municipal de Arborização Urbana (PMAU).
“Assumi a Secretaria com a percepção de que muitos estavam mobilizados em plantar árvores. Muitos estão com esse propósito, mas, na realidade, a maior demanda da secretaria me surpreendeu. Existe grande número de pedidos de podas e supressões de árvores por vários motivos, alguns recorrentes, porque estragam ou sujam os passeios, por exemplo”, relatou.
Ainda segundo Maria Thereza, o Plano Municipal de Arborização Urbana de Contagem é uma iniciativa inédita que terá um processo de construção participativo.
Macrozoneamento Trama Verde – Azul
A geógrafa e integrante do Observatório das Metrópoles, Bárbara Lúcia Pinheiro de Oliveira França, falou sobre o Macrozoneamento Trama Verde – Azul e destacou a satisfação em saber que a cidade de Contagem está se mobilizando para promover o plantio de árvores.
“Infelizmente as pessoas querem árvores, mas no quintal do vizinho. Triste realidade. Com relação às podas e supressões de árvores, são serviços caros terceirizados pela maioria das prefeituras. A retirada de uma árvore afeta o microclima da região e mais ainda os animais que dependem delas. Muito triste perceber isso”.
Segundo ela, o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) é um desafio diante dos interesses econômicos, principalmente do mercado imobiliário e das obras de infraestrutura, situações que tornam o processo ainda mais desafiador.
“O Macrozoneamento é um instrumento que integra o PDDI e visa à reestruturação territorial do espaço metropolitano, por meio do controle do parcelamento, ocupação e uso do solo nas zonas de interesse Metropolitano da RMBH, as Áreas de Interesse Metropolitano (AIM), a Zona de Interesse Metropolitano (ZIM) e o Trama Verde – Azul (TVA)”.
Bárbara Lúcia disse que o Trama Verde – Azul incorpora e conecta as Unidades de Conservação e os Complexos Ambientais e Culturais para promover a biodiversidade.
Plano Municipal de Arborização Urbana
O engenheiro Florestal coordenador do PROPAM, Edinilson Santos, falou sobre a importância do Plano Municipal de Arborização Urbana para a Gestão Ambiental e ressaltou que os planos de arborização levam décadas para serem concretizados, mas que são fundamentais e necessários para se tornarem realidade.
“A arborização urbana é composta pelas árvores que estão espalhadas pelas cidades tanto nas áreas públicas quanto nas privadas. São extremamente importantes, mas, infelizmente, ainda não estão consolidadas. A mão do Estado é necessária para proteger e compensar as perdas causadas pelas obras de infraestruturas e pela especulação imobiliária”, disse.
O engenheiro explicou que o conceito de gestão ambiental nada mais é que a administração do uso dos recursos ambientais por meio de ações ou medidas econômicas com a finalidade de manter e recuperar a qualidade do meio ambiente.
“Geralmente as áreas melhores preservadas são aquelas de alto nível econômico, isso porque essas áreas já possuem infraestruturas suficientes, e a população local passa a se preocupar com qualidade ambiental. A arborização urbana é essencial por vários aspectos: estético, educacional, ecológico, climático, econômico, espiritual, para a saúde e o relacionamento social”.
Edinilson ressaltou ainda que a arborização mal cuidada pode se tornar um incômodo gerando vários problemas e até risco de vida. Por isso, a necessidade de estudos e planejamento para se promover um Plano Municipal de Arborização Urbana eficaz.
“A arborização promove a estabilização microclimática, reduz a poluição, melhora a biodiversidade, a estética, valoriza imóveis, gera ações diretas e indiretas na saúde física e mental. Mas, infelizmente, os homens criam as cidades para melhorar a vida da população e realizam outras ações que prejudicam os próprios ocupantes das cidades”.
Contexto do Plano Municipal de Arborização Urbana
O biólogo e engenheiro sanitarista ambiental, Eduardo Eustáquio de Moraes, falou sobre a contextualização do Plano Municipal de Arborização Urbana em Contagem. “Participei da criação do Plano Diretor que está em vigor e espero que consigamos revisá-lo com mais cuidado ao meio ambiente. Para isso, estamos reunindo informações sobre a arborização urbana de Contagem. Estamos fazendo uma estimativa por meio da metodologia de inventário e do mapeamento com base no geoprocessamento existente. Acreditamos que atualmente existam cerca de 102 mil árvores no município.
O biólogo contou que a equipe da Semad entrevistou o senhor José Bonifácio, integrante da Comunidade dos Arturos, profundo conhecedor da história da arborização nativa de Contagem. Em breve, esse material histórico será compilado e divulgado.
“Um novo diagnóstico será feito, dessa vez, participativo, com a ajuda dos próprios moradores. O questionário do Plano Municipal de Arborização Urbana é um dos instrumentos que serão utilizados”.
O planejamento do Plano Municipal de Arborização Urbana prevê estudos para a escolha das espécies arbóreas a serem plantadas, critério para a definição dos locais de plantio, espaçamento mínimo de segurança; características das mudas, produção e aquisição, procedimento de plantio e replantio; campanhas de conscientização ambiental, manutenção da arborização de ruas, podas de árvores, remoção, substituição de árvores, destinação dos resíduos de poda e supressão e o monitoramento periódico.
Riscos e impactos dos incêndios florestais nas áreas protegidas
O gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do Instituto Estadual de Florestas/IEF, Rodrigo Bueno Belo, falou dos riscos e impactos dos incêndios florestais nas áreas protegidas. Ele ressaltou que a proteção das Unidades de Conservação inclui o monitoramento dos parques, inclusive o Parque Fernão Dias, que fica em Contagem e Betim.
“A prevenção aos incêndios depende dos fatores climáticos. Os incêndios florestais impactam todo o bioma, não só a vegetação. O fogo está presente, faz parte, mas atualmente está entrando nas cidades. Isso porque muitos são intencionais. Mas é fato que o cerrado sempre conviveu com os incêndios provocados por raios”.
Rodrigo Bueno disse que, para além da prevenção, o combate aos incêndios é necessário, mas muito caro porque utiliza aeronaves com altos custos e grandes efetivos humanos. Segundo ele, a ajuda dos brigadistas voluntários é fundamental para o trabalho de combate.
“As campanhas preventivas promovidas pela Semad e o IEF utilizam publicações e outras formas de comunicação, tudo ajuda. Esclareço que os pontos de calor detectados pelos satélites, sempre divulgados pela imprensa, não correspondem necessariamente a incêndios. Os incêndios florestais são fenômenos naturais, mas também são agravados pela ação humana. Os incêndios lançam toneladas de CO2 e ainda reduz a permeabilidade dos solos”, finalizou.