Josimar Rosaria da Silva Moreira, conhecida popularmente como Josy, é mãe do Junior e ativista na luta pelo Autismo. Josy tem 45 anos de idade e, nasceu e cresceu em Contagem. Com um espírito de cuidado e solidariedade, a frente do AMAIS (Grupo de Apoio a Autistas, Pais e Familiares de Contagem), Josy é uma das principais vozes na defesa dos direitos das pessoas com autismo em Contagem. Ela transforma sua história de luta diária em exemplo de força e coragem.
Josy como foi receber a notícia que seu filho é autista?
Até os 3 anos, Junior era uma criança típica, mas após um AVC que tive em 2008, quando tive que ficar uma semana internada, ele começou a mostrar alguns sinais: diminuição no vocabulário, nervosismo, e logo depois veio o diagnóstico de autismo nível 3 de suporte. Foi um choque, e na época, Contagem não tinha quase nada de suporte para famílias como a nossa. Busquei ajuda em Belo Horizonte, onde encontrei um grupo de apoio. Esse contato me inspirou a tentar fazer algo parecido aqui. Em 2011, com outras mães, fundamos o AMAIS, um espaço de acolhimento para famílias de autistas.
Josy, sei que você é mãe solo, como é lidar com um filho autista sem o apoio diário do pai no convívio?
Meu divórcio foi uma experiência inesperada e muito desafiadora. Naquele momento, precisei reavaliar muitas coisas, equilibrando minhas emoções e buscando oferecer ao Junior a estabilidade que ele precisava. Assumi um papel ainda mais presente na vida dele, me dedicando integralmente para que ele se sentisse seguro e amparado. Foi difícil, mas me fortaleci na minha fé e encontrei no AMAIS uma forma de canalizar tudo o que eu estava vivendo. Poder ajudar outras mães e famílias de pessoas com autismo me deu forças, me mostrando que, mesmo nas dificuldades, é possível transformar dor em apoio e acolhimento para quem também enfrenta suas próprias lutas.
Como foi o processo de criação do AMAIS?
Pelo Orkut, conheci cinco mulheres com histórias parecidas com a minha, com filhos autistas. Montamos um grupo, incialmente, com o objetivo de trocar experiências e apoiar umas às outras. Hoje, o AMAIS conta com mais de 1.200 membros na região, seu propósito é proporcionar amor, respeito e dignidade não só para nossos filhos, mas para todas as famílias que vivem a realidade do autismo. O AMAIS é um espaço de acolhimento e luta, onde trabalhamos para garantir que essas crianças e jovens sejam vistos, respeitados e incluídos na sociedade. Nossa rede é construída para dar suporte, trocar experiências e fortalecer cada uma dessas famílias, promovendo conscientização e engajamento social em prol do autismo.
Você mencionou a criação de leis importantes para o autismo em Contagem. Pode falar sobre isso?
Com união e persistência, conseguimos aprovar em 2012 a Lei 4.552, que reconhece o autismo como uma deficiência, o que garante direitos específicos a pessoas com autismo. No mesmo ano, também aprovamos o Dia Municipal do Deficiente Autista, pela Lei 4.508. Infelizmente, as leis ainda não foram totalmente implementadas e são insuficientes, mas continuamos lutando para que sejam efetivadas.
Como você descreveria o dia a dia com Junior?
Viver com o autismo é lidar com o inesperado, um dia de cada vez. Junior é não verbal e tem nível 3 de autismo, então requer cuidados específicos. Existem dias tranquilos e outros em que ele está mais agitado. Para ele, e para todas as crianças autistas, a rotina e o apoio constante fazem uma grande diferença.
Qual mensagem você deixa para outras mães?
Nunca desistam. A vida nos desafia, mas há propósito em cada dificuldade. Somos capazes de transformar nossas dores em força e de lutar por um mundo melhor para nossos filhos.
@amaiscontagem