Por Viviane França (*)
Mais uma das inovações da gestão da Prefeita Marília, que desta vez também contribui diretamente para as políticas públicas de gênero, foi a criação da Secretaria da Mulher e Juventude, que ocorreu em março desse ano. Camilla Costa Marques, 27 anos, advogada, mestranda em Direito é a primeira Secretária a assumir o posto. Mulher, negra, nascida na Regional Nacional, ela une fé, afeto e competência para transformar realidades. Ela é a minha entrevistada da Coluna da Mulher dessa semana.
Camilla, se apresente por favor
Uma jovem mulher negra, de 27 anos, nascida e criada no coração da Regional Nacional, em Contagem. Minha história se entrelaça com as ruas, lutas e afetos desse território onde cresci e aprendi desde cedo o que é sonhar e transformar. Sou advogada, mestranda em Direito pela PUC Minas e pós-graduada em Juventudes pela FAJE. Hoje sou Secretária Municipal da Mulher e da Juventude; antes, comandei a Superintendência de Juventudes (2021-2024). Sou católica, ministra da Eucaristia e atuo nas pastorais. Coordenei a Pastoral Universitária da PUC Contagem (2021-2024) e as Juventudes da Arquidiocese de BH (2020-2023), experiências que reforçaram o cuidado coletivo e a presença ativa na fé e na política. Fui candidata a vereadora em 2024, a mais jovem do meu partido, ficando como primeira suplente. Sigo como ativista dos direitos humanos, das mulheres, da juventude e da população negra, apostando em redes, escuta e mobilização.
Em um doloroso retrato de um Brasil que ainda mata, agride mulheres, qual a relevância da criação da primeira Secretaria da Mulher e Juventude de Contagem, e quais os principais desafios para o desenvolvimento dessas políticas públicas?
Criar algo do zero sempre é desafiador, ainda mais quando falamos de uma secretaria que nasce para responder às urgências e potências de mais de 50% da população, representada pelas mulheres, e de 28% da população formada por juventudes. A nova Secretaria é um marco: afirma essas pautas como estruturantes da gestão. Em um país onde a violência contra mulheres persiste, ela articula e integra a rede de enfrentamento no território.
O maior desafio é garantir políticas interseccionais e intersetoriais, superando a fragmentação e inserindo direitos de mulheres e juventudes em educação, saúde, trabalho, cultura, segurança e assistência. Reconhecemos uma dívida histórica e a transformamos em ação com diálogo, escuta e presença nos territórios.
E a Camilla secretária, quais os desafios diários que ela enfrenta?
Estar em decisão, sendo mulher jovem, exige reafirmar capacidade e constância, enfrentando percepções em mudança. Nem sempre o reconhecimento é imediato; por isso, aposto na escuta, no diálogo e na construção de pontes.
O que mais me move é ver políticas virando vida concreta: mulheres acolhidas sem julgamento; juventude ocupando espaços de cultura, formação e protagonismo.
Também é desafiador conciliar gestão e escuta. A secretaria precisa ser técnica e humana, conectada às dores e sonhos da cidade. Há ainda o desafio de permanecer inteira: cuidar de mim para seguir cuidando do outro, mantendo fé, afeto e senso de missão.
Conte um pouco do que já foi feito até aqui, após a criação da Secretaria da mulher e juventude.
Começamos com escuta e articulação. Realizamos pré-conferências nas regionais e, a partir delas, a 5ª Conferência Municipal de Políticas para Mulheres, com mais de 200 participantes e dez delegadas para a etapa nacional. Levamos as pautas de mulheres e juventudes para além da secretaria, conectando-as a saúde, educação, cultura, segurança e assistência. Fortalecemos a rede de proteção em parceria com DEAM, NUDEM, Ministério Público e demais órgãos. E instituímos a secretaria como instância permanente de diálogo com conselhos, comitês e sociedade civil. Já provamos que é possível transformar escuta em política e participação em ação.
Qual o recado você deixa para as mulheres e a juventude de Contagem?
O futuro é agora e está sendo construído por cada mulher e cada jovem desta cidade. Há uma gestão inteira, liderada pela Prefeita Marília Campos, comprometida em melhorar vidas com seriedade, afeto e coragem. Transformação se faz junto, com presença e políticas que chegam à vida real.
Sigam sonhando, ocupando espaços e sendo quem são. Quando mulheres e juventudes avançam, Contagem inteira avança com elas.
*VIVIANE FRANÇA é Mulher, Advogada, Pesquisadora, Mestre em Direito Público, Especialista em Ciências Penais, autora do livro Democracia Participativa e Planejamento Estatal: o exemplo do plano plurianual no município de Contagem. Secretária de Defesa Social de Contagem/MG, Sócia do França e Grossi Advogados.