Coluna Educação com Luzedna Glece – 14.03.2021 – Um olhar sobre os processos da Inclusão Escolar

Alexsandra Santos

Pedagoga com ênfase em processos escolares, pós-graduada em gestão escolar. Docência, supervisão/coordenação pedagógica e gestão escolar

Um dos maiores desafios atuais é oferecer uma educação de qualidade e igualitária, no entanto, a inclusão escolar exige um novo posicionamento. O sucesso e o fracasso escolar, o ato de aprender a ler e a escrever, o processo de socialização, assim como outras questões ligadas à aprendizagem, são preocupações da educação brasileira e objeto de muitos estudos. Mas o fato é que todo processo de ensino/aprendizagem se apoia, em um exercício de coragem e persistência, tanto de alunos, quanto de professores. Compreender o fenômeno da aprendizagem, integrando diversas áreas do conhecimento, não é uma tarefa fácil.

A educação inclusiva visa atender a necessidade do aluno, interagindo o professor, o pedagogo, a família e todos que trabalham em parceria para promover uma educação completa. Diante da garantia de educação de qualidade para todos, está o avanço para o processo de inclusão escolar, onde as práticas precisam se inovar diante de cada situação. Várias são as dificuldades para tal ato, desde o acesso e à adaptação ao ambiente físico escolar, até às propostas pedagógicas desenvolvidas. O envolvimento dos pais para a integração de seu filho portador de deficiência física também é essencial. Os responsáveis devem atuar primeiro como os agentes que irão solicitar o ingresso de seu filho na escola e, segundo, como colaboradores no processo de adaptação de seu filho num ambiente diferente do núcleo familiar.

Poucos estão inseridos em classes ou escolas especiais, ou se encontram ao acaso nas classes comuns das escolas públicas. Esse quadro indica que há uma exclusão escolar generalizada dos indivíduos com necessidades especiais no país. Nosso sistema educacional, diante da democratização do ensino, tem vivido muitas dificuldades para garantir escola para todos, e de qualidade. A verdade é que o ensino escolar brasileiro continua aberto para poucos, e essa situação se agrava no caso dos alunos com deficiência.

Essas considerações contribuem para caracterizar a inclusão escolar como algo em desenvolvimento, onde existirão sempre barreiras, porque sempre haverá novos ingressantes, e mesmo os alunos já existentes terão desafios em sua jornada. Não adianta propor metas curtas que não servem para melhorar, e sim metas que sejam eficazes, que torne de verdade o processo inclusivo, que não se apresente bonito somente na teoria, mas que se torne o orgulho da sociedade. O que realmente tem validade para o meio interno da escola é considerar que as ações tragam o sucesso da aprendizagem de todos os alunos.

Algumas dessas ações que apresentam sucesso em sistemas inclusivos mostram que é imprescindível alterações em suas práticas, desde a diminuição do número de alunos por classe, elaboração de projeto pedagógico, plano individual de ensino, apoios focados na classe comum e não via suplementação, com uma pedagogia centrada na criança baseada em suas habilidades e não em suas deficiências, e que incorpore conceitos como conscientização, colaboração e sensibilização.

O importante é que o resultado do estudo possibilite uma reflexão da realidade atual visando futuras transformações. As palavras de Vasquez (1977) ilustram tal situação: “…a teoria em si não transforma o mundo. Pode contribuir para sua transformação, mas para isto tem que sair de si mesma. Entre a teoria e a atividade prática transformadora, se insere um trabalho de educação das consciências, de organização de meios materiais e planos concretos de ação: tudo isso como passagem indispensável para desenvolver ações reais e efetivas. Nesse sentido, uma teoria é prática na medida em que materializa o que só existia idealmente, como conhecimento, através de uma série de mediações, o que antes só existia idealmente, como conhecimento da realidade ou antecipação ideal de sua transformação” (VASQUEZ (1977, p. 206 -207).

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