Coluna Educação com Luzedna Glece(*) – 16.04.2023 – Como ensinar tarefas domésticas às crianças

Por Luzedna Glece(*)

Envolver filhos nas rotinas domésticas só funciona com orientação e criatividade, alerta especialista.

Da louça à cama arrumada, da roupa suja à varridinha no fim do dia, manter uma casa organizada é uma missão que depende de todas as pessoas que nela habitam, inclusive as crianças. Ao longo da vida, os pequenos vão assumindo mais e mais dessas atividades do dia a dia sem as quais a vida se torna uma bagunça. Mas o que cada faixa etária pode fazer quando o assunto é a organização doméstica?

De acordo com a gerente pedagógica do Sistema Positivo de Ensino, Claudia Saad, essa é também uma oportunidade para que os pais explorem experiências significativas na educação dos filhos. “Essas atividades domésticas podem trazer uma série de benefícios para o desenvolvimento infantil. O importante é saber como incluí-las de forma leve e divertida. Uma pitada de criatividade pode fortalecer a parceria entre pais e filhos”, pontua. Além dos importantes momentos de convivência, a iniciativa também contribui para a aquisição de habilidades fundamentais, como o senso de responsabilidade, o cuidado, a autonomia e a independência. “Sentir-se útil e contribuindo com pequenas coisas, como dar comida para seus animaizinhos, ajudar a arrumar a mesa e guardar os brinquedos depois usá-los, faz com a criança se sinta parte da família, reforçando sua autoestima e fortalecendo vínculos com os pais e irmãos”, completa.

Orientação é tudo

Para a especialista, enfrentar e resolver pequenos problemas desde cedo é fundamental para o desenvolvimento infantil. No entanto, esse processo precisa ser acompanhado de perto por adultos e deve começar a partir dos dois anos de idade. Ela ressalta que é importante não fazer distinção entre meninos e meninas, na hora de pedir ajuda.

Estudos realizados em todo o mundo ao longo das últimas décadas demonstram o mesmo: as crianças aprendem por meio da observação e da imitação de comportamentos das pessoas que as cercam. “Isso significa que tudo o que fazemos e falamos em nosso dia está moldando e formando as atitudes dos nossos filhos. Indiscutivelmente, essas ações trarão impactos na forma como eles veem o mundo e se relacionam”, afirma Claudia. Para potencializar o exemplo, uma boa conversa, orientando as atividades e discutindo o papel de cada membro da família na manutenção da casa, é essencial. Criatividade traz diversão para tarefas domésticas Envolver os pequenos na rotina de organização doméstica pode parecer desafiador, mas, na verdade, é simples, segundo a especialista. Basta evitar associar as tarefas designadas a obrigações ou castigos e, ao contrário, buscar associá-las à diversão. Para isso, uma dose de criatividade é um ingrediente essencial. Colocar uma música na hora de limpar a casa, por exemplo, ajuda a deixar o ambiente descontraído e mostrar que aquela pode ser uma atividade divertida.

“Quanto maior a dedicação e interesse da criança nesses momentos, melhor ela se desenvolve. Isso não acontece quando fazemos algo puramente por obrigação, mas quando gostamos e nos sentimos bem fazendo aquilo”, explica Claudia. Lavar a louça, limpar, cozinhar, cuidar das compras e do dinheiro são habilidades fundamentais para a vida e que não são ensinadas na escola. O melhor lugar para aprender tudo isso é em casa, junto à família. “Não existe uma receita pronta do que fazer com cada criança, mas há infinitas possibilidades para explorar, no dia a dia, aquilo que a criança consegue fazer de acordo com sua idade. Oferecer aos filhos das tarefas simples às mais complexas permite que, aos poucos, eles vão aprendendo e fazendo cada vez melhor e com autonomia”, finaliza.

(*)Luzedna Glece – Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.

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