Contagem, uma Cidade de mulheres
Por Viviane França(*)
Contagem tem se mostrado de fato uma cidade de grandes mulheres seja na política seja em cargos de destaque e comando, seja no empreendedorismo, um lugar que reconhece a força feminina.
Na última semana a Guarda Civil de Contagem, vinculada à Secretaria Municipal de Defesa Social, passou, pela primeira vez na história da instituição, a ser comandada por uma mulher: Anita de Carvalho. Anita é guarda há 17 anos, carrega conhecimento técnico e experiência na área; foi a primeira subcomandante mulher da guarda. Exerceu o cargo de subcomando até a sua condução ao comando.
E porque isso foi possível?
Sem dúvida porque uma mulher foi eleita democraticamente na nossa cidade e hoje está a frente do executivo. Marília Campos está no seu terceiro mandato como Prefeita de Contagem.
Mas, não para por aí. Por aqui já tivemos duas mulheres presidentes da Câmara Municipal já na década de 90. Na eleição de 2016 tivemos uma mulher eleita como a vereadora mais votada da cidade. Na última eleição (2020), as duas vereadoras mais votadas foram mulheres. A liderança do governo na Câmara Municipal é conduzida por uma mulher desde o ano de 2021.
Na gestão executiva, na composição dos principais cargos do governo (secretarias, subsecretarias, administrações regionais), temos paridade de mulheres e homens, uma decisão política da Prefeita Marília.
Para além da política, temos reconhecidamente na cidade a primeira mulher à frente da ACIC (Associação Comercial e Industrial de Contagem), Sandrelli Rois. Importante destacar que a ACIC tem 40 anos de história em Contagem e até aqui somente havia sido presidida por homens. Sandrelli está à frente da associação desde 2022.
No empreendedorismo, temos dois grupos de lideranças empreendedoras (micro empresárias) – Dellas e Unidas – que são organizados na nossa cidade e constituem uma rede de apoio, formação e divulgação de produtos e serviços.
A Economia Solidária (conjunto de atividades econômicas artesanais, organizadas pela autogestão), responsável pela comercialização de produtos nas feiras que acontecem nas praças e nos eventos promovidos na cidade é composta em mais de 80% por mulheres, sendo que muitas delas encontram nessa atividade sua única fonte de renda. Ressalta-se que hoje a Economia Solidária é uma política pública organizada e fomentada pela Prefeitura de Contagem que mostra a que as mulheres de Contagem vieram.
O próprio Jornal Folha de Contagem, de circulação na nossa cidade, tem 4 colunistas mulheres, além da redatora chefe ser uma mulher.
Além dos exemplos citados, presenciamos cada dia mais mulheres em lugares que até então eram ocupados exclusivamente por homens: no ramo da construção civil, da aviação, da pesquisa… Enfim, as mulheres tem desbravado com maestria áreas complexas e o melhor, tem qualificado esses espaços.
Claro que não basta ser mulher, não basta alcançar espaços de decisão, é preciso representar o discurso e a luta de muitas outras. Para que sejam possíveis novas perspectivas para o progresso da causa e para que outras mulheres sejam oportunizadas nesses espaços, literalmente abrir o caminho.
Mesmo com avanços positivos para as mulheres em Contagem, temos grandes desafios para a ocupação desses lugares. O principal deles é a permanência, já que para cada mulher que ocupa uma posição na política, na gestão, na cadeia de comando de qualquer instituição, um homem deixou de ocupá-la. E espaço, minhas caras, ninguém gosta de perder, sobretudo no seio de uma sociedade extremamente machista e violenta, física e simbolicamente.
Somos coragem – e precisamos ser cada vez mais, umas pelas outras -, destemidas para enfrentar e seguir avançando cada vez mais nas nossas lutas.
(*) Mulher, Advogada, Pesquisadora, Mestre em Direito Público, Especialista em Ciências Penais, autora do livro Democracia Participativa e Planejamento Estatal: o exemplo do plano plurianual no município de Contagem. Secretária de Defesa Social de Contagem/MG, Sócia do França e Grossi Advogados.