Coluna Educação com Luzedna Glece(*) – 22.01.2023 – Investir em educação é firmar compromisso com o futuro

Por Samuel Hanan

Engenheiro com especialização nas áreas de macroeconomia, administração de empresas e finanças, empresário, e foi vice-governador do Amazonas (1999-2002). Autor dos livros “Brasil, um país à deriva” e “Caminhos para um país sem rumo”. Site: https://samuelhanan.com.br

Investir em educação é firmar compromisso com o futuro

A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”, costumava dizer o líder sul-africano Nelson Mandela, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1993. Eis uma lição que o Brasil não aprendeu porque permanece sem priorizar a educação como agente de transformação do País.

Verdade que há 33 anos a Constituição Federal de 1988 deu um passo significativo ao obrigar, em seu artigo 212, que a União aplique ao menos 18% e os governos estaduais e municipais invistam, no mínimo, 25% da receita resultante de impostos em educação. O problema é que um equívoco histórico se perpetua por falta de coragem ou omissão propositada de nossos governantes, com a covarde cumplicidade do Congresso Nacional.

Se o País quiser garantir mais receitas para a educação, precisa rever a prática arraigada de concessão de renúncias fiscais, especialmente as que envolvem IR e IPI, cujo total correspondeu, em 2021, de 4,5 a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Como são impostos compartilhados com estados e municípios, ambos representam perda para esses entes federativos aplicarem em educação cada vez que uma renúncia fiscal é concedida.

Em valores calculados sobre a estimativa do PIB de 2022 (R$ 9,7 trilhões), IR e IPI somam R$ 657 bilhões. E a renúncia fiscal da União sobre esses dois impostos atinge R$ 145 bilhões, ou até R$ 165 bilhões se considerada a renúncia fiscal adicional sobre IPI garantida por decretos recentes do governo federal. Isto é: as renúncias fiscais consomem 25,11% das receitas de IR e IPI.

Além de aumentar os investimentos, o Brasil ainda precisa repensar a qualidade da educação que oferece aos seus cidadãos. É urgente implantar escolas de tempo integral nos ensinos fundamental e médio assim como, na mesma medida, é necessário valorizar a profissão de professor, oferecendo-lhe remuneração adequada, capacitação permanente com treinamento e reciclagem, e melhores condições de segurança e transporte, sobretudo para os profissionais que atuam nas periferias, na zona rural e nos cursos noturnos. Recursos para isso existem e viriam da redução das renúncias fiscais.

As novas tecnologias, as novas profissões, as recentes necessidades do mercado exigem também uma revisão das grades curriculares, hoje defasadas, trazendo-as para o século XXI a fim de preparar os estudantes para os desafios atuais e futuros do mundo globalizado e altamente tecnológico. Todos os cursos deveriam incluir noções elementares de finanças, de economia e de controle de gastos, por exemplo.

Além disso, dadas as especificações do País, importante seria também a inserção do Meio Ambiente como disciplina obrigatória para conscientizar desde logo o brasileiro sobre a importância de se manter a floresta em pé, da necessidade disso para a preservação do regime de chuvas que assegura a produção agrícola em várias regiões do País e energia hídrica essencial para a indústria, e de práticas sustentáveis em todos os ramos de atividade. E não seria demais incluir ensinamentos sobre drogas e seus efeitos deletérios, como forma de conter o avanço dessa doença que se alastra inclusive para os municípios menores e mais afastados dos grandes centros, constituindo-se grave problema de saúde pública com reflexos na segurança.

Nem é preciso dizer que o Brasil também precisa universalizar o acesso ao ensino superior e fomentar as instituições de pesquisas, aproveitando a fonte de recursos garantida por uma nova política de renúncias fiscais que deveria ser limitada por lei a 1,5% a 2% do PIB, no máximo.

Educação nunca foi despesa; sempre foi investimento com retorno garantido, como ensinou o economista britânico Sir Arthur Lewis, em lição ainda não aprendida pelos governantes brasileiros.

É unanimidade nacional o conceito de que sem educação não há salvação. O problema é que a prática se mantém distanciada do discurso. Com isso, a salvação não veio e não virá sem mudanças profundas como, por exemplo, as discutidas nessas linhas.

 

(*)Luzedna Glece

Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.

Coluna Educação com Luzedna Glece(*) – 04.12.2022 –  Sem educação de qualidade, não há inserção produtiva da juventude

Por Francisco Borges

Mestre em educação e consultor de políticas educacionais da Fundação FAT – Fundação de Apoio à Tecnologia

Sem educação de qualidade, não há inserção produtiva da juventude

Vivemos hoje um cenário único no Brasil, com uma geração de jovens formada por mais de 50 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos. E se ela é o futuro do País, que esperança podemos ter diante da falta de políticas públicas específicas para as juventudes?

Acostumados com as belezas naturais, a abundância de terras e sem nunca ter passado por guerras, catástrofes naturais ou algo do gênero, o brasileiro deixou de valorizar o meio ambiente, as oportunidades à sua frente, a educação e se tornou um povo desperdiçador. Isso tem uma grande relação com a educação, pois somente a partir dela é que podemos nos desenvolver como nação, crescendo por meio de nossa ciência, de nossas descobertas, tendo como norte a preocupação com o bem-estar de todas as camadas da sociedade.

Neste momento da história, onde o mundo precisou se recolher diante de uma pandemia e se reestruturar para um modelo de interação com a sociedade mais digital e menos presente, vimos o desemprego dos jovens avançar, assim como a evasão escolar, que, se não combatida, terá impacto enorme não só no futuro e nos sonhos dos jovens, mas nos de suas famílias e do Brasil.

A percepção dos pais de que as juventudes, principalmente, não se sentem conectadas à escola não é um fenômeno que surgiu com a crise sanitária, mas piorou muito com ela. Por outro lado, o novo coronavírus escancarou como os jovens não se sentem acolhidos também no mundo do trabalho, demonstrando a falta de uma consciência coletiva.

A individualidade está ainda mais aflorada. É necessário que este panorama seja mudado. Lideranças e corporações devem estimular o coletivo, o jovem, a educação. A geração Z, nascida a partir de 1995, tem de ter fomento para estar na sua plenitude como força de trabalho, no entanto, grande parte se encontra desmotivada, sem trabalho, sem estudos, compondo o grupo mundial de “nem-nems”.

Ainda hoje, o Brasil não dispõe de uma política nacional para os jovens que estabeleça ações articuladas e que proporcione oportunidades de formação profissional para todos ou promova uma educação de qualidade que possibilite o prosseguimento dos estudos. Na internet, explodem temas como desemprego, evasão escolar, desigualdade social, burn out e isso decorre de uma falta de motivação, de pouco empenho coletivo, em um momento em que as empresas têm os seus colaboradores em home office. Os períodos longos isolados prejudicam a conexão entre as pessoas.

Todo este cenário piora quando associamos à economia fraca, ao alto desemprego e às baixas perspectivas de evolução econômica e social pela conjuntura. É preciso olhar além, fazer um esforço e entender que a evolução só se dará por meio de incentivos na educação, na redução da desigualdade social e na abertura de possibilidades para que os jovens possam brilhar e ganhar o mundo por meio do conhecimento.

O momento do País é muito delicado, com os jovens cada vez mais querendo ser jogadores de futebol, blogueiros, influencers e gamers, mas o que não está sendo levado em conta é que esta mentalidade que movimenta toda uma geração provoca o afastamento do caminho dos estudos, da resiliência, da construção e do crescimento.

Estudar e construir repertório, atuar em situações de aprendizagem, é desenvolver respeito ao outro, é agregar valor à toda uma sociedade. É hora de unirmos forças para mudarmos o atual cenário e garantirmos oportunidades de futuro. A educação é o vetor do desenvolvimento de todo um país; a juventude é o futuro e, a nós, cabe garantir que o amanhã seja produtivo, valioso e capaz de levar esta geração de jovens ao alcance de todo o seu potencial.

Apenas através da educação é que podemos construir um Brasil melhor. Não há rotas mais curtas ou escapes, é preciso criar ferramentas para preparar a juventude brasileira para ocupar as novas oportunidades na velocidade necessária e com uma mão de obra qualificada. Não haverá desenvolvimento socioeconômico, consciência de coletividade e nem redução da desigualdade sem a inserção produtiva da juventude e acesso a uma educação de qualidade.

(*)Luzedna Glece

Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.