COLUNA EDUCAÇÃO – 16.06.2024 – A escola que eu quero

Por Wania Emerich Burmester – Mestre em Psicologia da Educação com ênfase na Ciência Cognitiva e Especialista Pedagógica do Sistema Positivo de Ensino
Em uma sociedade tão diversa como a que estamos inseridos, pensar em inclusão na escola é assunto urgente, necessário e inegável. Historicamente falando parece que não conseguimos exercitar nosso olhar para o diferente, para o outro que não se adequasse a padrões pré-estabelecidos com “normais”, convencionais. Pessoas que trazem em suas características físicas ou fisiológicas ou emocionais atípicas, sempre foram levadas a um lugar de exclusão, segregação.
Quando educamos as crianças e adolescentes, o grande desafio é torná-los capazes o suficiente para viver em sociedade, com autonomia. E como fazer isso com todas as particularidades, peculiaridades referentes a condição de cada um?
Penso que a escola, enquanto instituição formal, tem como objetivo primordial, ENSINAR. Ensinar não quer dizer ensinar alguns, nem apresentar conteúdos de determinada forma e cada aluno que se organize para aprender. Ensinar é oportunizar uma diversidade de meios pelos quais todos os alunos atinjam a aprendizagem. O professor precisar buscar os melhores recursos para atingir seu objetivo. Mesmo que precise trazer recursos diferentes para o mesmo assunto.

Paremos para refletir um pouco:
Imaginem se um médico tivesse como objetivo curar só alguns pacientes. Como ficariam os outros? Imaginem um engenheiro civil que tenha como objetivo que só alguns de seus projetos sejam sólidos e permaneçam em pé. Como ficariam os outros?

Tomemos agora o exemplo do professor:
O papel do professor é o de encantar seus alunos, é criar possibilidades de aprendizagem, é verificar se seus alunos aprenderam para, se necessário, criar novos recursos (e) para garantir que todos aprendam de forma saudável, feliz e significativa.
Portanto, o trabalho do professor e papel da escola são coerentes na medida em que trabalham sob a perspectiva inclusiva. Falar em PEI, adaptações, sala de recursos é reforçar a demanda de que todos merecem uma aprendizagem carregada de sentido.
Fico me perguntando, por que alguém que escolhe ser professor, fica questionando a necessidade de adaptar o material para determinado aluno. Escolher ensinar e não se propor a ver o brilho nos olhos da aprendizagem acontecendo, se distancia cada vez mais do propósito da educação. O professor que não se debruça sobre as possibilidades para atingir a todos perde a parte mais linda da sua profissão. Perde a mágica que é a transformação que a aprendizagem faz na vida de uma pessoa.
Minha formação inicial já foi em Educação, comecei pelo Magistério, cursei Pedagogia, depois pós-graduações, mestrado e agora o doutorado, sempre acreditando na educação para todos.
Todo professor deixa marcas na vida de seus alunos. As marcas podem ser positivas, aquelas que ao lembrar do professor, imediatamente sorrimos, um calor aconchegante nos toma por completo, são os professores que não mediram esforços para ensinar. Mas também têm aqueles que quando lembramos, sentimos um frio na espinha, sensação de medo, de mal-estar. São aqueles professores que apenas cobraram respostas, que deram nota e não te avaliaram, são aqueles que não caminharam junto. Precisamos escolher quais marcas queremos deixar em nossos alunos.
Sendo assim, pensando em trajetória escolar, em direito a educação para todos, é preciso humanizar nossas relações, olhar para os alunos e ter a sensibilidade de perceber o que eles já sabem e o que precisam aprender. Quais habilidades ainda precisam ser desenvolvidas? E para isso, não precisamos de PEI, nem de atividades adaptadas. Precisamos de bom senso, de responsabilidade e ética.
Receber os alunos sem discriminação, desafiá-los para a buscar mais, acompanhar e estar presente, avaliar de forma justa e verdadeira, isso é ser professor, e para isso, não precisamos de um programa de inclusão, de leis, nem de um monte de protocolos. Precisamos de ação, de atitude , de conhecimento!!
Quando os professores voltarem a ser professores teremos a escola inclusiva que todos sonhamos!

(*)Luzedna Glece

Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.

COLUNA EDUCAÇÃO – 09.06.2024 – Aluno que processou professor por ter tomado celular em sala de aula perde causa na justiça

O juiz Eliezer Siqueira de Sousa Junior, da 1ª Vara Cível e Criminal de Tobias Barreto, no interior do Sergipe, julgou improcedente um pedido de indenização que um aluno pleiteava contra o professor que tomou seu celular em sala de aula.

De acordo com os autos, o educador tomou o celular do aluno, pois este estava ouvindo música com os fones de ouvido durante a aula.

O estudante foi representado por sua mãe, que pleiteou reparação por danos morais diante do “sentimento de impotência, revolta, além de um enorme desgaste físico e emocional”.

Na negativa, o juiz afirmou que “o professor é o indivíduo vocacionado a tirar outro indivíduo das trevas da ignorância, da escuridão, para as luzes do conhecimento, dignificando-o como pessoa que pensa e existe”. O magistrado se solidarizou com o professor e disse que “ensinar era um sacerdócio e uma recompensa. Hoje, parece um carma”. Eliezer Siqueira ainda considerou que o aluno descumpriu uma norma do Conselho Municipal de Educação, que impede a utilização de celular durante o horário de aula, além de desobedecer, reiteradamente, o comando do professor.

Ainda considerou que não houve abalo moral, já que o estudante não utiliza o celular para trabalhar, estudar ou qualquer outra atividade edificante.

E declarou:

“Julgar procedente esta demanda, é desferir uma bofetada na reserva moral e educacional deste país, privilegiando a alienação e a contra educação, as novelas, os reality shows, a ostentação, o ‘bullying intelectivo’, o ócio improdutivo, enfim, toda a massa intelectivamente improdutiva que vem assolando os lares do país, fazendo às vezes de educadores, ensinando falsos valores e implodindo a educação brasileira”.

Por fim, o juiz ainda faz uma homenagem ao professor. “No país que virou as costas para a Educação e que faz apologia ao hedonismo inconsequente, através de tantos expedientes alienantes, reverencio o verdadeiro HERÓI NACIONAL, que enfrenta todas as intempéries para exercer seu ‘múnus’ com altivez de caráter e senso sacerdotal: o Professor.”

Isto deveria ser lido em todas as salas de aula do Brasil!!!! Aliás, por todos os brasileiros!!!

(*)Luzedna Glece

Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.

COLUNA EDUCAÇÃO – 28.04.2024 –  1º de maio, Dia do Trabalho

Desde o fim do século XIX, nos Estados Unidos da América, no Brasil e em vários outros países ocidentais, o dia 1º de maio é tido como o Dia do Trabalho ou o Dia do Trabalhador. Tal data foi escolhida em razão de uma onda de manifestações e conflitos violentos que se desencadeou a partir de uma greve geral. Essa greve paralisou os parques industriais da cidade de Chicago (EUA), no dia 1º de maio de 1886. Para compreendermos os motivos que levaram os trabalhadores a tal greve e o porquê da escolha desse dia como marco de memória, é necessário conhecer um pouco do contexto do período.

Sabemos que, durante o século XVIII, ocorreu, em solo inglês, um dos acontecimentos mais importantes da história da humanidade: a Revolução Industrial. Da Inglaterra, o processo de industrialização alastrou-se, inicialmente, pela Europa e, depois, para outros continentes, como o americano. Uma das consequências mais patentes da Revolução Industrial foi a formação de grandes centros urbanos, fato que gerou, consequentemente, uma grande concentração de pessoas em seu entorno, sobretudo de operários, cujo trabalho nutria as indústrias.

A formação da classe operária demandou uma série de necessidades que nem sempre era efetivamente cumprida pela burguesia industrial. As horas trabalhadas eram, muitas vezes, excessivas e a relação entre empregado e empregador nem sempre era amistosa. Nesse contexto, surgiram os sindicatos e os movimentos de trabalhadores, orientados por ideologias de esquerda, como o anarquismo (anarcossindicalismo) e o comunismo.

No dia 04 de maio, em uma manifestação na praça Haymarket, na cidade referida, uma bomba explodiu matando sete e ferindo dezenas de pessoas, entre policiais e manifestantes. A explosão de tal bomba provocou o revide dos policias com tiros sobre os manifestantes. Outras dezenas de pessoas morreram na mesma praça. Esse conjunto de eventos, desencadeados a parir de 1º de maio, tornou-se símbolo para as manifestações e lutas por direitos trabalhistas nas décadas seguintes em várias partes do mundo.

Instituição do Dia do Trabalho no Brasil

No caso específico do Brasil, a menção ao dia 1º de maio começou já na década de 1890, quando a República já estava instituída e começava um processo acentuado do desenvolvimento da indústria brasileira. Nas duas primeiras décadas do século XX, começaram a formar-se os movimentos de trabalhadores organizados, sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro. Entre esses movimentos, também figuravam ideologias como o anarcossindicalismo, de matriz italiana, e o comunismo.

Em 1917, a cidade de São Paulo protagonizou uma das maiores greves gerais já registradas. A força que o movimento dos trabalhadores adquiriu era tamanha que, em 1924, o então presidente Arthur Bernardes acatou a sugestão que já ventilava em várias partes do mundo de reservar o dia 1º de maio como Dia do Trabalho no Brasil. Dessa forma, desde esse ano, o 1º de maio passou a ser feriado nacional. Na época do Estado Novo varguista, a data era deliberadamente usada para eventos de autopromoção do governo, com festas para os trabalhadores e muitos discursos demagógicos.

(*)Luzedna Glece

Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.